Imagine sua pele como uma casa antiga que, com o tempo, começa a mostrar rachaduras e desgaste. Agora, pense em uma reforma que não só conserta, mas rejuvenesce a estrutura, devolvendo-lhe a firmeza de décadas atrás. É exatamente isso que cientistas do Instituto Babraham, no Reino Unido, conseguiram ao rejuvenescer células da pele humana em até 30 anos usando uma técnica de reprogramação celular parcial com os chamados "Fatores de Yamanaka", proteínas que revertem a idade biológica sem apagar a função das células. O resultado? Células de 53 anos se comportaram como se tivessem 23, produzindo mais colágeno, cicatrizando melhor e ativando genes da juventude, com estrutura mais firme e resiliente — efeitos que duraram semanas após o experimento.
Essa descoberta é como encontrar uma chave mestra para a medicina regenerativa. O potencial vai além da pele: artrose e até doenças neurodegenerativas como Alzheimer podem estar no radar. Historicamente, avanços como a penicilina mudaram o curso da saúde; aqui, estamos diante de algo que pode redefinir o envelhecimento. Futuramente, isso pode levar a tratamentos personalizados, mas exige cautela — os custos e a escala ainda são desafios. Para quem acompanha ciência, é um convite a ficar de olho: quem avisa amigo é.
A partir de um método inovador, cientistas conseguiram transformar as células da pele de uma mulher de 53 anos em células três décadas mais jovens
O estudo foi feito a partir de métodos da medicina regenerativa. Esse ramo tem como foco a reparação e substituição de todos os tipos de células, até mesmo as mais velhas. Para isso, os cientistas utilizam uma técnica já conhecida na biologia, a indução de células-tronco.
Em teoria, essas estruturas celulares conseguem se transformar em qualquer outra célula do corpo. Quem descobriu como fazer uma célula virar célula-tronco foi o pesquisador japonês Shinya Yamanaka, em 2007. Ele ganhou o Nobel de Medicina em 2012 pelo feito. Conhecido como fatores de Yamanaka, o processo levava 50 dias.
Hoje, já é possível fazer a transformação em apenas 13 dias a partir de um novo método. Chamado de Reprogramação Transitória da Fase de Maturação, esse procedimento se baseia nos achados do japonês e foi o responsável por permitir o rejuvenescimento das células cutâneas na nova pesquisa.
revista Galileu: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2022/04/saiba-como-funciona-tecnica-que-permitiu-rejuvenescer-celulas-em-30-anos.html
Para isso, os estudiosos selecionaram as células mais velhas e as expuseram a quatro moléculas específicas (os fatores de Yamanaka) durante 13 dias. Ao final desse período, notou-se que elementos ligados ao envelhecimento haviam desaparecido, e as células perderam sua "identidade". Os cientistas, então, deram tempo para que as células reprogramadas crescessem novamente.
revista Galileu: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2022/04/saiba-como-funciona-tecnica-que-permitiu-rejuvenescer-celulas-em-30-anos.html
Análises genômicas mostraram que as estruturas reconquistaram marcadores das células da pele, os chamados fibroblastos. Isso foi observado a partir da produção de colágeno pelas novas células.
A idade delas foi descoberta por meio de uma avaliação em duas etapas. A primeira era observar o relógio epigenético, que contém sinais químicos de idade no genoma. A segunda foi a transcriptoma, que consiste na leitura de todos os genes produzidos pelas células. A partir da comparação dessas duas etapas com dados de referência, os autores confirmaram que as células tinham um perfil 30 anos mais jovem.
Os cientistas perceberam também que os fibroblastos dessas células estavam produzindo mais colágeno do que as células que não passaram pelo processo e se movendo com mais rapidez para as áreas que precisavam de reparo.
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